Eu, Zumbi

Por Coluna Vertebral 11 de outubro de 2011 Editar postagem
Na Coluna Vertebral de hoje, o zumbi de estimação do Zumbi Hunter, Romero, falará um pouco sobre sua vida... morte... quase morte. Enfim.

zumbi
Eu não queria ser assim. Eu já fui um ser humano normal, sabia? Trabalhava, pagava contas, tinha família. Era um cara normal, classe média, vivendo minha vidinha como se não houvesse amanhã e um dia, não teve mesmo.

Começou de repente. Casos de uma doença misteriosa, explosões de fúria, desordem civil nas ruas, autoridades sem respostas e cidadãos desamparados. Eu na minha ignorância achei que era só um bando de favelado se rebelando porque alguém morreu e etc. (típico pensamento de um babaca classe média leitor de Veja que se acha o máximo).

Mas aí as coisas foram ficando cada vez mais estranhas. Os hospitais lotaram, depois viraram áreas de quarentena. Ninguém podia chegar perto num raio de 1km ao redor. Depois as delegacias e os presídios. Por fim, vias, terminais, aeroportos e estações do metrô foram fechadas. A ordem das autoridades era permanecer em casa. Aquele que tivesse um infectado em casa devia amarrar um pano branco na porta e esperar por socorro.

Foi então que as execuções começaram. As pessoas não eram socorridas por ambulâncias e levadas para campos de tratamento como o governo anunciou. Elas eram executadas em casa, em suas camas, com seus filhos no colo, depois o imóvel era incendiado e era como se nada tivesse acontecido. Alguns cidadãos ainda saudáveis acharam que aquilo era um abuso de poder, uma chacina promovida pelo governo eleito e resolveram desrespeitar o toque de recolher, as zonas de quarentena e ajudar as pessoas em casa, doentes em seus leitos.

Mal sabiam o que estavam fazendo, pois bem ou mal o governo controlou a infestação. Havia gente saudável em algumas regiões e o avanço da misteriosa doença vinha recuando. Mas aí... aí já era tarde. A população que não entendia o que estava acontecendo fez com que a doença se espalhasse cada vez mais. Escolas que antes serviam de centro de refugiados se tornaram locais de infestação. Explodiram dezenas de hospitais na tentativa de conter o avanço daquele vírus misterioso que transformava as pessoas em assassinos e sanguinários.

E foi assim que eu virei o zumbi Romero. Ao invés de terem dado um tiro na minha testa tentaram me tratar. E eu matei minha esposa, meu filho e saí na rua feito um alucinado, com alguma memória, mas sem conseguir lutar contra os instintos animalescos que me governavam.

Ame, viva, comemore. Talvez amanhã, você não tenha mais tempo.

Autor: Romero | Twitter

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